floydniversário, uma tradução: [{1975}] THE DARK SIDE OF THE MOON \\|// O LADO ESCURO DA LUA

          salve, salve minha aquosa & transtornada bloguesfera nossa de cada dia. no artigo de hoje, uma tradução em homenagem ao aniversário de lançamento de disco dos Pink Floyd.

          “The dark side of the moon” é o oitavo e maior sucesso de vendas em disco de estúdio do grupo (mais de 7 milhões à época do lançamento). já contabilizavam seis anos trabalhando pela gravadora EMI & oito anos de banda se apresentando ao vivo, com apenas uma perturbação na sua formação original. o mentor do grupo, responsável pela primeira vestimenta, foi mesmo Syd Barret: rapaz inquieto que no calor dos 19 anos conseguiu inovar a música & o próprio conceito de performance musical.

          Syd é o nome de escritor de Roger Keith Barret, nascido em Cambridge, na Inglaterra, ao sexto dia de Janeiro de 1946. aos 17 anos de idade, viu um novo horizonte se abrir primeiro com os The Beatles, depois com os The Rolling Stones, e finalmente com Bob Dylan. Multiinstrumentista desde pequeno (com passagens pelo piano & o ukulelê), foi o próprio Syd que construiu seu primeiro amplificador quando ganhou sua primeira guitarra elétrica, aos 12 anos. aos 19 anos foi admitido na Camberwell Escola de Artes, de Londres, para estudar pintura. & foi lá que juntou-se definitivamente ao grupo, que já conhecia desde moleque, em apresentações esporádicas utilizando nomes variados, até conseguirem se definir como os Pink Floyd.

          inicialmente tocando clássicos do cancioneiro r&b estadunidense, aos poucos o grupo foi adicionando letras de Syd a um ritmo que corria natural & acidentalmente, do caos à improvisação numa mistura de jazz & roquenrou, os elementos embrionários da banda rumo ao rock progressivo. junto de Syd, estavam Roger Waters (baixo), Nick Mason (bateria) & Richard Wright (teclado), que tinha um amigo com um estúdio de som, que gentilmente concedeu algumas horas de gravação para que o quarteto pudesse gravar algumas faixas. foi neste fabuloso Verão de 1966 que uma nova casa de shows abriu em Londres, a UFO. de lá emanava para o mundo a cena psicodélica da cidade, e os Floyd, carne nova no mercado, eram presenças quase constantes no palco principal. por mais seis meses iriam fazer apresentações que misturavam as sensações da escuta & da visão (em projeções sobre a banda com filmes em 16mm recheados de imagens experimentais & abstratas das aulas da faculdade de Syd), enquanto procuravam um contratinho para assinar o primeiro disco de longa duração. Firmaram com a EMI, que os levou para os estúdios de Abbey Road, onde gravaram entre Fevereiro & Julho de 1967 o material para o primeiro disco, que seria lançado em Agosto de 1967, “The piper at the gates of dawn” \\|// “O flautista nos portais da alvorada”.

          o problema é que nestes seis meses a performance de Syd no palco, & fora dele, começou a deteriorar, em virtude do artista estar se dedicando cada vez mais às suas pesquisas de cosmonauta psíquico com drogas lícitas (cimbalina & mandrax)  e ilícitas (LSD & peiote). não se sabia se Syd apareceria para o show; se aparecesse, não se sabia se Syd saberia o que estava fazendo, nem se seria capaz de seguir o roteiro, nem se conseguiria segurar a própria palheta. um segundo guitarrista foi trazido para suprir as eventuais necessidades de guitarra: entra David Gilmour. Syd esteve na tournée pelos EUA, mas relatos dizem que ele apenas vagava pelo palco: a gota d´água veio em uma apresentação em que Barret desafinou seu instrumento, vagarosamente & sempre derretendo. os fãs pareciam adorar este tipo de comportamento, mas a banda ficava sem saber o que fazer.

          uma primeira decisão, tomada em comum acordo com a gravadora e os membros ativos da banda, foi para manter Syd na banda, similar ao estado que Brian Wilson tinha dentro dos The Beach Boys: mentor & produtor, às vezes letrista. mas essa decisão durou apenas 20 dias, já que Syd não dava sinais de melhora de seu estado visivelmente debilitado, nem de gratidão aos amigos. o segundo disco veio em Junho de 1968, & embora tenha tido uma recepção menos entusiasta da crítica, colocou definitivamente a banda no panteão dos gigantes da música, & deixou claro que Syd tinha um lugar importante no grupo, mas estava afastado desde Janeiro de 1968.

          viriam depois ainda várias contendas entre os membros, fundadores & agregados, entre si mesmos & com a sociedade que os contorna. viriam vivências com a indústria do Cinema, para fazer trilhas sonoras (como em “More”, de 1969, e em “Obscured by clouds”, de 1972, ambos para filmes de Barbet Schroeder, e na participação no “Zabriskie point”, de Michelangelo Antonioni, em 1970). ainda no Cinema, duas homenagens que a banda não assume & nem rechassa: a faixa incidental no último capítulo do “2001, uma Odisséia no espaço” (1968), de Stanley Kubrick, e a trilha alternativa para “O mágico de Oz” (1939), de Victor Flemming. viriam também demandas mundiais pela liberdade, como a crítica ao muro de Berlim e a situação no Leste Europeu com “The wall” \\||// “O muro” (Novembro de 1979), e o próprio “The dark side of the Moon” \\|// “O lado escuro da Lua”, talvez uma homenagem ao pessoal da Apollo XVII, a missão de Dezembro de 1972 que encerra o programa espacial do governo dos EUA.

          o disco já estava pronto desde o ano anterior, & vez ou outra tinha sido apresentado. o grande tema é a passagem do tempo pela vida das pessoas: cada lado do disco começa & termina com o pulsar de um coração, & em cada faixa encontra-se resquícios da música concreta, a saber: mistura da musica instrumental com a musica cantada; ruídos em aparente desconexâo com silêncios, e esta dupla utilizada enquanto recurso melódico. Refroes longos, repetidos sequencialmente para, um pouco mais a frente, transmutarem em milhões de tons.

 

Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon - Book p.2

 

[{1975}] THE DARK SIDE OF THE MOON \\|// O LADO ESCURO DA LUA

 

A.1 F4L3 C0M1G0 (Mason)
instrumental

A.2 R3SP1R4 (Waters, Gilmour, Wright)
I.
Respira, respira esse ar
Sem medo em se importar
Vai, mas não me deixe
Olha em volta, escolha sua origem
          Se é pra viver ou alto voar
          Se pra sorrir tem que fazer chorar
          O que é sólido mas não se vê
          É só isso o que restou pra viver

II.
Foge, coelho corre
O chão cavoca, esquece o que é iluminação
Quando achar que acabou o trabalho
Descanse não, pode cavocar de novo
          Se é pra viver ou alto sonhar
          De adestrar as marés tem que manjar
          Balançar sobre as maiores ondas
          Assim só se cavoca a rasa cova

 

A.3 N0 C0RR3-C0RR3 (Waters, Gilmour)
instrumental

 

A.4.i 73MP0 (Mason, Waters, Gilmour, Wright)
I.
Mandando ir embora os momentos que fazem um dia ruim
A bagaceira das horas desperdiça de uma maneira nada comum
Um vadio à toa, ele anda só por onde nasceu
Quer achar algo ou alguém que lhe mostre o caminho
          Cansado de esperar respostas, ficar em casa, a rua olhar
          Você está jovem, a vida é longa, vamos fazer a hora passar
          Daí um dia, já viu, dez anos passam voando,
          Ninguém avisa a hora da partida, foi perder logo a largada

Correndo você foge, tenta alcançar o Sol que se esconde
Vai dar mais uma volta e surgir atrás de você outra vez
Porque o Sol ainda é o mesmo, e você cada dia mais velho
Cada vez mais sem fôlego, se não se cuidar ainda vai morrer
         Cada ano tem menos tempo, não sobra espaco pra oportunidade
         Planos são sem fundamentos, pagina e meia de palavras pra sorteio
         Vai levando em muito desespero silencioso, o jeito inglês de ser
         Passou o momento, acabou a cancao, talvez tivesse mais a dizer

A.4.ii R35P1R4 (reprise)
Ao lar, de volta ao lar
É bom poder estar aqui e descansar
Se eu volto pra casa, gelado e cansado
Ligo o fogão a lenha, estou em casa
          Além das marés, bem longe daqui
          Ouço os sinos tocar
          Faz os fiéis se ajoelhar
          Sussurro doces palavras de magia

A.5 0 6R4ND3 7R4MP0 N05 CÉU5 (Wright, Clare Torry)
instrumental

B.1 6R4N4 (Waters)
I.
Grana, cai fora
Arranja alguém que te paga, e fica tudo muito bem
Grana, é um barato
Dá para usar nas duas mãos, sem parecer um chato
          Carro novo, viagem e pescar caviar
          Talvez eu compre pra mim uma equipe de stock car

II.
Grana, não me toque
Eu estou muito bem, acabe a intervenção no meu banco
Grana, é só sucesso
Não me vem com papo besta, “fazer o bem sem olhar a quem”
          Ando de primeira classe, alta fidelidade
          Quem sabe chegou a hora de tirar meu lear jet

III.
Grana, é sujeira
Divida o quanto quiser, mas não mexa com a minha parte
Grana, já se sabe
Origina o mal de todo mundo e ninguém está nem aí pra nada
          Tenta aí, e pede aumento
          Te querem te ver muito contente e vão te dar só mais um por cento

B.2 NÓ5 3 05 0U7R05 (Waters, Wright)
I.
Nós e os outros
Ao fim do jogo, sáo só pessoas comuns
Você e eu e
Só Deus sabe o que cada um não quer fazer
          Mais tarde vai chorar o leite derramado
          Morto de todos os lados
          Sentou o general e as linhas sobre o mapa
          Desenharam um novo traçado

II.
Azul e preto
Vai saber quem sabe o que, e quem é quem
Sobe e desce e
Quando acabar, sobrou só o vai e volta de volta
          Não ouviu dizer da batalha verborrágica
          Gritou o fiscal da fronteira
          Ouça bem meu filho, disse o homem com o cano,
          O que é teu está guardado aí dentro

III.
Desce e sai
Não dá pra parar, e há ainda muito mais para chegar
Tem, não tem mais
Quem ainda duvida se aquilo não era motivo para brigar?
          Lá fora segue a vida, mais um dia corrido
          Doze leões pra cuidar
          Pelo o peso em recompensa, em chá e uma penca
          Morreu o velhote

 

B.3 QU4LQU3R C0R QU3 LH3 4PR0UV3R

 

B.4 53QÜ3L4D0 C3R38R4L (Waters)
I.
O lunatic@ está no pasto
O lunático está no mato
Lembrando rodas tongas e milongas
Mostrar pros maluquinhos o caminho

II.
O lunatica na minha sala
Os lunaticas nas minhas salas
O jornal estampa caretices em sua capa
E todo dia o editor pede mais

r1.
E se a represa arrebenta muito cedo
E não há mais espaço colina acima?
E se a cabeça explode em negras vibrações
Te vejo no lado escuro da Lua

III.
O maluco na minha mente
O lunática na minha mente
Afia a faca, muda tudo
Me re-amonta até eu ficar bem
          Tranca a porta e joga fora a chave
          Tem alguém na minha mente e não sou eu

r2.
E se faísca a nuvem e trovões em sua vista
Você grita e ninguém te olha
E se a banda em que tocas segue fazendo novo som
Nos vemos do lado escuro da Lua

B.5 3CL1P53 (Waters)

Tudo o que tocas
Tudo o que vês
Tudo o que provas
O que sente

Tudo o que amas
Tudo o que odeias
O que não confias
O que não usa

II.
Tudo o que ofereces
Tudo o que negocias
Tudo o que compras
Imploras, empresta e rouba

Aquilo que crias
Aquilo que destróis
Tudo o que dizes
Tudo o que constrói

III.
Tudo o que comes
E todos os que conheces
Tudo o que descartas
E todos com os quais mata

Tudo o que é agora
Tudo o que já foi
Tudo o que está por vir
E tudo o que está sob a Sol é impune
mas a Sol está no eclipse do Lua